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STAR WARS Jedi: Survivor - Análise


É inegável dizer que STAR WARS Jedi: Survivor foi construído sobre uma base sólida. STAR WARS Jedi: Fallen Order, de 2019, foi um jogo que trouxe o modelo soulslike para a franquia, usando a premissa de pontos de meditação - como as Bonfires de Dark Souls - level design interconectado por atalhos, itens de cura limitados e recarregáveis, e combate cadenciado. Um sistema de postura similar ao que existe em Sekiro também se fez presente, tornando o combate mais agressivo e valorizando o Parry. As habilidades da Força, que complementam tanto o combate quanto a exploração, são limitadas e compõe um leque de ações que levam o protagonista Cal Kestis a se redescobrir como Padawan e se consagrar Cavaleiro Jedi ao final de Fallen Order, enquanto uma fagulha rebelde se acende quando ele conhece Saw Guerrera (Forrest Whitaker) em Kashyyyk.


Tecnicamente falho


O lançamento de Jedi Survivor foi complicado, dados os diversos bugs e problemas de performance que ainda persistem no jogo. E é uma pena um jogo tão bom ser ofuscado por por quedas constantes de framerate, um modo performance inutilizável, que ainda não está 100% consertado, e bugs constantes. Flickering, clipping e outras falhas pequenas, mas constantes, tiram o brilho do jogo e clamam por uma maior atenção no controle de qualidade e otimização. Já temos alguns patches disponíveis, mas até o momento, dia 19 de maio de 2023, o jogo ainda apresenta flickering nas viradas de câmera, falhas de colisão e um framerate muito instável no modo performance. O modo qualidade é o mais indicado, rodando em 30fps na maioria do tempo, mas com quedas sensíveis de framerate que são percebidas em cenários mais dinâmicos ou com muitos inimigos.


Artisticamente lindo

Se por um lado a parte técnica de Jedi Survivor é falha, do outro lado a parte artística é louvável. Uma das coisas que tiravam muito o brilho de Jedi Fallen Order era o quão genéricos e confusos alguns cenários eram, sem muita identidade ou captura de interesse do jogador. Em Jedi: Survivor, a Respawn fez o dever de casa e entregou uma obra que explora bastante a vastidão e pluralidade de cenários de Star Wars. Os diferentes planetas e biomas apresentados tem identidade própria, com inimigos e desafios únicos. Tudo parece mais vivo, ao mesmo tempo sem exageros ou um dinamismo extrapolado. Dentro da proposta, ele entrega uma experiência sob medida para quem gostou de Jedi: Fallen Order e quem ama Star Wars.


Influência de George Lucas

Falando em amar Star Wars, para os fãs da franquia existe um sabor especial, uma atenção e cuidado que traz um sentimento muito presente nos filmes do George Lucas. Existe muito da fase Disney ainda presente, mas as transições de tela, personagens e diálogos, bem como as referências à República e à Ordem Jedi trazem uma sensação constante de continuidade para o que foi começado na trilogia prequel e continuado na trilogia clássica.


Combate Melhorado

Algo que merece destaque é o combate. Com uma fórmula aprimorada sobre o seu sucessor, Jedi: Survivor entrega um combate mais fluido, mais ciente das suas limitações e coerente com o seu ambiente. As cinco posturas possíveis permitem aos jogadores se expressarem de diferentes formas durante as lutas, permitindo táticas únicas para cada situação. O jogo permite a troca entre duas posturas livremente, e a escolha dessas duas posturas é definida nas bancadas de customização ou pontos de meditação. Isso possibilita ao jogador se preparar para as diversas situações de combate, seja contra um grupo de inimigos ou contra um inimigo solo.


Existe uma tentativa, não presente durante na maioria do jogo, de ter um companion que te apoia no combate, imobilizando inimigos e eliminando ameaças menores durante as batalhas. Não é uma funcionalidade magistral, mas é uma ideia interessante que pode ser iterada e melhorada. Um destaque positivo do jogo são as boss fights da quest principal. Destaco as da história porque existem alguns bosses opcionais muito complicados e desbalanceados. Porém, as lutas principais são dignas de nota, sendo comparáveis ao trabalho da Fromsoftware com Sekiro em qualidade. Inclusive, um boss de Jedi: Fallen Order retorna para finalmente ser enfrentado, numa luta muito satisfatória.


Simulador de Jedi


Jedi: Survivor é um jogo que entende seus verbos e possibilidades para entregar uma experiência que pode ser definida em: apenas um Jedi poderia viver essa história. E isso é muito positivo, pois a progressão da história e da quest principal, que conta com muitos elementos de metrodvania, evoluem o protagonista para explorar a extensão dos poderes de um Jedi para além do sabre de luz. Os poderes de manipulação espacial (puxar, empurrar, levantar e descer) são muito melhores implementados aqui. A adição da manipulação mental, popularizada na cena de Obi Wan Kenobi chegando na cantina de Mos Eisley, é muito bem-vinda e bem explorada ao longo das lutas. É possível também entrar num modo fúria, onde o tempo para e tudo é congelado, mas é uma feature esquecível dentro do contexto, não trazendo nenhum impacto grande na dificuldade.


Desenvolvimento de Personagens no Ponto Certo

Outro destaque do jogo fica por conta da sua história e, principalmente, pelo foco dado aos personagens da party. A volta dos personagens do primeiro jogo e a evolução das relações entre eles é muito bem escrita. As coisas mudaram, separações ocorreram e o jogo deixa claro que nem tudo é como antes. Cal está mais velho, imerso na sua luta e frustrado com seus resultados. E seu foco na causa rebelde é explorado na cisão com os seus companheiros da Mantis e na retomada de seus relacionamentos ao longo do jogo. Os personagens novos, ainda que poucos, são carismáticos e compõe a história sem muito destaque. Bode Akuna, o caçador de recompensas que acompanha Cal na maior parte do jogo, é uma boa adição ao time, gerando bons momentos de diálogos e de contraponto à Cal ao longo da jornada.


Sistemas Enxutos

Algo a ser louvado em aqui é a ausência de sistemas de RPG e progressão de níveis para o desenvolvimento do personagem. A evolução do protagonista se baseia na experiência ganha durante as lutas e permite que pontos de experiência sejam trocados por novas habilidades. Essas habilidades podem inclusive ser mudadas ao custo de um ponto de experiência ao longo do jogo, permitindo ao jogador que mude sua build para explorar novas possibilidades. Além disso, não há evolução de armas ou armaduras. O medidor de Força e o HP do protagonista podem ser aumentados ao custo de pontos de experiência também, mas o jogo oferece algumas melhorias fora da árvore de evolução para que o jogador que se sentir mais confiante no combate possa focar sua experiência nas diferentes habilidades que o jogo oferece.


Uma bela obra, mas merecia mais atenção técnica


Star Wars Jedi: Survivor é uma continuação que evolui positivamente seu antecessor, não apenas apresentando mais conteúdo, como melhorando seus sistemas e sendo mais consciente das suas possibilidades para explorá-las com maestria. Como fã da franquia Star Wars, esse jogo representa um alento, um presente muito grato aos fãs que tem amargado algumas obras questionáveis nesse extenso cânon. Como fã de videogames e jogos focados em combate, ele representa uma evolução e um refinamento do que começou com Fallen Order, tomando uma distância segura da fórmula Souls e focando mais nos elementos metroidvania, se apresentando em alguns momentos mais como um hack n’ slash do que como um soulslike, o que é muito positivo.


Análise feita por Felipe Cruz (@VemAquiTioFe)

A cópia digital do jogo foi gentilmente cedida pela Eletronic Arts


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