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Copycat - Análise



Há dois anos, tivemos o lançamento de um indie que causou muito barulho, Stray. Ele tinha um gato como protagonista e falava de uma história extremamente política, foi um dos marcos no ano de 2022. Na época, gostei de Stray, porém ele não era exatamente o que eu queria de um “jogo de gato”. Isso não é uma crítica à obra, que fique claro. O ponto é que, assim como eu, muita gente gostaria de jogar a realidade de um felino comum em um mundo normal, porque é onde vivemos e conseguimos nos identificar mais. Os paralelos de Stray são filosóficos e profundos, porém o simples e o cotidiano também têm seu valor para reflexões. Desde aquela época, queria uma obra assim e - felizmente - Copycat chegou entregando justamente isso.


O novo jogo da Spoonful Of Wonder trata da história de uma gata que será adotada por uma senhora chamada Olive e discutirá temas como família, lar e pertencimento. É uma proposta um tanto modesta, mas é suficiente para sustentar o interesse do início ao fim da gameplay, que deve durar de duas horas e meia até três horas. Na minha perspectiva, foi um acerto no escopo, porque a jogabilidade de Copycat é simples: andar, interagir com alguns comandos e fazer Quick Time Event. Penso que seria difícil manter a atenção caso a aventura se estendesse por mais tempo. Contudo, infelizmente, há vários arranhões e mordidas que podem tornar Copycat problemático mesmo para os pais e mães de gato.



Tentando andar com suas próprias patas


Entre os defeitos de Copycat, este é certamente o mais frustrante: o jogo como um todo não roda muito bem. Eu zerei ele pelo Steam Deck - importante ressaltar que não é um hardware oficialmente suportado pelo jogo no momento que joguei e escrevi esta análise - e testei por cerca de meia hora adicional no meu computador. Este tem uma configuração boa e bastante acima do mínimo exigido por Copycat na Steam, sendo equipado com um Ryzen 5 3600 e uma RTX 3060. Vale ressaltar que em ambos o jogo não apresentou bugs críticos e nem stuttering. Mas a gameplay se mostrou lenta e pouco responsiva, por mais que seja funcional.


Eu entendo que Copycat não é um jogo gigantesco com uma equipe enorme por trás. Eu não esperava uma física extremamente complexa, muito menos gráficos super realistas. Nesses aspectos, Copycat faz bem e entrega o que se espera dele. Não se destaca, porém não deixa a desejar em nada além da modelagem 3D das personagens humanas e animações como um todo. Mas é bem desagradável movimentar a gata em Copycat nos ambientes abertos em 3D, principalmente sabendo que não é por falta de poder computacional do hardware e que isso acontece indiferente do modo gráfico que você usa.


No geral, no que se costuma chamar de “parte técnica”, Copycat é aprovado se você tiver muita boa vontade para com ele. É muito fácil imaginar alguém pouco tolerante se frustrando com a responsividade da gameplay, mas quem tem interesse pela principal proposta do jogo, que é a história, consegue lidar com isso.



Uma bela mensagem contada da maneira errada 


A história de Copycat é seu ponto mais interessante e mantém a atenção do início ao fim do jogo. Ela é simples e direta, o que faz sentido com o que a obra se propõe. O jogo abre com a frase “Lar não é onde você mora, mas sim onde mais precisam de você” e segue abordando esse tema durante toda a aventura. Falando de coração, é difícil não se emocionar com o significado dessa mensagem para as personagens e para quem está jogando. Ter um lar, pertencer a uma família, entender quando precisam de você. Isso é perfeito. Até o jogo colocar tudo a perder porque ele ousa depender da boa-fé de quem está acompanhando o enredo.


Veja bem, eu rasguei elogios a essa mensagem porque realmente acho ela excelente. Mas chega a ser ofensivo como muitas decisões de roteiro parecem ignorar que as pessoas têm ideias e valores próprios. A gata passa por tantas situações de violência e negligência nesse jogo que simplesmente não é razoável se importar com as outras personagens. Eu prestei atenção nas motivações de Olive e sua filha Mae para tomarem cada decisão errada que elas escolheram. Eu sei que não é fácil para elas também. Mas são duas pessoas adultas que deveriam pensar na gata, porque é responsabilidade delas. E, no fim, é só a gata que se esforça para protegê-las, apesar de todo o sofrimento que passou.


Tudo isso me faz pensar em como Copycat falhou ao criar uma camada de cinza entre o preto e o branco. Assumir que as pessoas deveriam ter empatia com atitudes horríveis certamente foi o maior erro da narrativa do jogo. Se você tiver estômago para ir até o final, verá uma boa mensagem ao menos.



Pequenos motivos para ronronar


Apesar da narrativa ser muito problemática, uma coisa legal de Copycat é como ele conta a perspectiva da gata nessa história. Os diálogos dela em tela são engraçados e recheados de personalidade felina. Ela como um todo carrega o jogo nas costas e me fez chorar diversas vezes por lembrar o meu próprio gato. Entre tantos problemas, é bom ter uma qualidade tão legal que te faz dar uma risada para descontrair.



É melhor miar 


É difícil fazer qualquer recomendação de Copycat com tantos problemas que impactam diretamente o seu público alvo, principalmente os relacionados à narrativa. Acredito que seja um jogo que vai agradar a poucos, mas vai afetar bastante quem se emocionar com ele, como foi o meu caso. Então, para a maioria das pessoas eu acho melhor miar mesmo, mas se você se vê em alguma das excessões que destaquei no texto, recomendo Copycat.






A cópia do jogo foi cedida pela Nuuvem A análise foi escrita pela @athenawofel

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