
Se destacar na indústria já é difícil, mas é ainda pior quando vem de um gênero tão saturado na cena independente, como é “metroidvania”. Com Ender Lillies o estúdio conseguiu chamar a atenção graças à sua arte linda e delicada, sua atmosfera melancólica, e claro, com um gameplay sólido, fazendo tudo que se espera do gênero com muita competência. Alguns anos depois, Ender Magnolia é lançado sendo uma “sequência espiritual” e, apesar de ser um jogo competente, foi difícil não sair dele achando que a magia se perdeu.
Diferente do primeiro que tinha uma temática de fantasia medieval, esse puxa mais para uma pegada “steampunk”. No jogo controlamos Lilac, uma garota com poderes especiais capaz de sintonizar e salvar homunculus. Na jornada exploramos o país dos vapores, visitamos fábricas, laboratórios, florestas e muito mais, com o objetivo de salvar homunculus e humanos. Há uma carga de luta social grande na história do jogo, mas ele tem dificuldade em se destacar de outras histórias semelhantes.

A estrutura dele é semelhante até demais a outros jogos do gênero, e é nisso que ele perde personalidade. Ele não tenta fazer muito para se destacar, segue bem a risca tudo que se espera dele, tanto quando você explora os complexos mapas, quanto quando explora poderes e habilidades para progredir. Não é um ponto negativo, necessariamente, pois ele entrega algo bem feito nesses elementos, mas após jogar dezenas de jogos desse estilo, fica difícil de se impressionar. As habilidades poderiam ser mais criativas, e não depender das mesmas: dash, pulo duplo, escalar paredes, etc.
O combate dessa vez tem mais variedade, são várias habilidades a sua escolha, mas não acho que evoluiu muito em relação a seu antecessor, e não ajuda o fato da maioria dos chefes serem poucos memoráveis e muitos simplesmente inimigos comuns como uma barra de vida maior.

A melhor parte da experiência continua sendo sua arte e trilha sonora, a melancolia e beleza presente nos cenários evoca muitos sentimentos, as músicas encaixam perfeitamente na atmosfera e algumas das melhores memórias que tive jogando foi simplesmente ficar parado apreciando isso.
Apesar disso, o sentimento de que todas essas coisas boas ainda não eram suficientes me acompanhou durante a toda a experiência.

No fim, Ender Magnolia: Bloom in the Mist é uma sequência padrão, que entrega exatamente o que se espera do gênero, para o bem e para o mal. A falta de novas ideias deixa ele na sombra do seu antecessor, mas isso não significa que não foi feito com carinho e qualidade. E muito dessa impressão de “mais do mesmo” vai variar muito de pessoa para pessoa, no meu caso só achei um bom jogo, mas que podia ser mais.

Análise escrita por Gustavo
A cópia do jogo foi cedida pela Binary Haze Interactive
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