top of page

Bob Esponja Calça Quadrada: O Abalo Cósmico - Análise

“O conhecimento não pode substituir a amizade. Eu prefiro ser um idiota a ter que te perder” – Patrick Estrela

A famosa frase de Patrick Estrela ilustra bem o tom de Bob Esponja Calça Quadrada: O Abalo Cósmico, ou "The Cosmic Shake", na versão original. Desenvolvido pela Purple Lamp Studios e publicado pela THQ Nordic, o jogo é a nova aventura do nosso amigo “calça quadrada” e seus companheiros.


Tudo começa com um terrível acidente causado por Bob Esponja e Patrick Estrela enquanto brincavam com um artefato de fazer bolhas. Sim, o jogo tem bastante esse tom caótico, muitas vezes nonsense do desenho. O uso desenfreado e irresponsável fez com que fissuras fossem abertas para os mundos dos desejos. Seu trabalho será visitar esses lugares e encontrar figuras conhecidas que estão perdidas por lá. Não há muito segredo aqui. Você vai se aventurar como pirata e até mesmo dentro de um set de gravação de um filme que tem como diretor ninguém menos do que Lula molusco. Cada carinha conhecida para os fãs do desenho está por ali com papéis distintos e engraçados.

O gameplay é bastante simplório, assim como as atividades em cada um dos mundos. Mas aqui, não acho que isso seja um problema. Em relação ao controle do personagem, ele tem um “peso” satisfatório ao realizar pulos, por exemplo. Coisa muito importante em jogos de plataforma, diria que até essencial, mas não chega a ser algo no nível dos melhores da indústria. Você utiliza uma carismática caixa de pizza como planador, que apesar de ser bastante útil na verticalidade de alguns cenários, muitas vezes é usada apenas para atravessar locais que poderiam ser vencidos sem o uso da mecânica.


A trama é bem direta e com ritmo ótimo. Sem nenhum tipo de enrolação. Isso já pode ser sentido durante o próprio tutorial. Você começa e já assume o controle do protagonista. As ações são explicadas de acordo com a necessidade durante o seu caminho para o próximo objetivo. A dificuldade é muito baixa, nunca chegando a algo desafiador para jogadores mais experientes, é verdade que ele vai aumentado de acordo com sua progressão e a complexidade dos novos inimigos, mas mesmo sendo fácil, isso não é um problema, já que a proposta do jogo não é essa e que grande parte do público não deve procurar jogar buscando isso.


O texto do jogo é supreendentemente legal. O tom usado é um ótimo acerto. Me fez lembrar das noites que passei, ainda criança, assistindo aos episódios. Falando nisso, por se tratar de uma adaptação, é quase impossível jogar sem pensar no desenho. Os visuais dos personagens, expressões, falas e cenários trazem nostalgia o tempo todo. O jogo possui localização em português que é muito boa, mas confesso que joguei em inglês, idioma original, pra sentir como seria. E adorei.

Sobre o visual e estilo gráfico, ele pode até causar certa estranheza num primeiro momento, já que, se ele for o seu primeiro contato com os jogos dessa turma, sua referência será o visual do desenho, mas rapidamente você se acostuma. Não é nada especial, mas bem honesto. Aquele aspecto “massinha”, muitas vezes com um efeito glossy acaba sendo muito agradável para jogos com essa proposta e funciona perfeitamente aqui.


Assim que você chega ao primeiro mundo, coisa que acontece com poucos minutos de jogo, você rapidamente entende a pegada das atividades que estarão disponíveis para você. Há sempre uma missão principal, que é facilmente rastreável por um ícone que te indica o tempo todo aonde ir e existem missões secundárias que geralmente não te tiram muito do caminho, então não é um grande desafio completá-las. O combate também não oferece grande profundidade, mas é bastante funcional. As lutas vão tendo uma complexidade maior de acordo com a progressão, principalmente nos chefes, mas a maioria dos inimigos pode ser derrotada com um hit apenas. Algumas variações legais deles são apresentadas já no início, o que não deixa que a mesmice atrapalhe.


Inclusive, apesar da simplicidade, essa é uma grande qualidade do jogo. Inimigos e possibilidades novas são apresentadas a você o tempo todo. Você mal tirou carteira para usar uma montaria e logo já vai se deparar com algum objeto que pede uma nova habilidade que depois será desbloqueada. Isso dá uma dinâmica legal e, antes que você se canse, o jogo já te apresentou algo novo e você estará dando chutes de karatê nos inimigos e cenários ou se pendurando com um gancho que traz bastante dinamismo à exploração. Tudo é acrescentado de forma bem natural.

A proposta do jogo, que tem classificação livre, é de ser uma experiência descompromissada que quer te divertir da forma mais leve possível. Para quem é pai/mãe ou tem alguma criança em casa, a aventura pode ser excelente para compartilhar com a família. O Patrick certamente vai tirar gostosas risadas das crianças, principalmente por flutuar em formato de balão ao lodo de Bob Esponja. As roupas disponíveis para o protagonista fazem parte da diversão e podem ser um ótimo incentivo para que você busque as atividades extras nos mundos.


Você dificilmente vai encontrar alguém que nunca se esbarrou com algum episódio de Bob Esponja na vida. Acredito que ele seja um dos personagens mais conhecidos de nossa geração. Ter uma experiência competente dele é algo muito legal de se ver. Fico feliz pelas pessoas mais jovens e crianças que poderão se divertir com o jogo ao som de músicas bem conhecidas e gostosas de ouvir.

Bob Esponja Calça Quadrada: O Abalo Cósmico é uma boa aventura para quem gosta desse universo e vai agradar principalmente aqueles que procuram uma experiência sem muitos critérios ou preocupações. Pouco a pouco o jogo vai te cativando com o ótimo ritmo que tem e pela competência de fazer o simples bem feito. Assim como o conhecimento não pode substituir a amizade para Patrick, o jogo não abre mão de sua inocência para tentar ser algo grandioso. E é aí que ele acerta.




O jogo foi cedido pela THQ Nordic.


Análise feita por Murilo (@Murilo_Valim)

Comments


bottom of page